O historiador e músico Antônio Carlos Araújo, conhecido musicalmente por Tony Araújo, falou sobre música, história e resistência negra, em entrevista ao programa ‘Diário da Manhã’, da Rádio Assembleia (96,9 FM), nesta terça-feira (21), por conta da passagem do Dia da Consciência Negra (20 de Novembro).
O historiador afirmou, durante a conversa com o apresentador e jornalista Ronald Segundo, que o momento deve ser de reflexão, devido ao racismo estrutural e à desigualdade social que atingem a categoria dos músicos.
Tony Araújo, além de historiador, pesquisador, músico e ativista, possui formação em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), concluída em 2015; mestrado em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), concluído em 2018; e é autor do livro “O lugar do jazz na construção da música brasileira” (NEA, 2016), entre outras produções que entrecruzam história e música.
“Sou um investigador interessado em música popular brasileira/música instrumental brasileira, me dedicando a estudar os impactos sociais, político-culturais e construções simbólicas em torno do jazz no Brasil”, afirmou.
De acordo com o autor, o livro “O lugar do jazz na construção da música brasileira” tem a finalidade de estabelecer uma retrospectiva na história negra do Brasil, a partir da data de 1850 até meados do século XX, mantendo um diálogo sociocultural, pela descrição do seus atos de força e coragem através da língua portuguesa, mostrando a sua atuação, seus hábitos e formas de resistência ao longo deste período e presentes no momento contemporâneo.
“O racismo, o preconceito e a desigualdade social existem e ainda não se tratou a causa, porque a questão negra e indígena ainda é apresentada de forma marginal e com falhas nos livros didáticos, por propagarem conceitos depreciativos, não exibidores dos lados antagônicos para a reflexão e construção do senso crítico”, lembrou.
Tony Araújo enfatizou, ainda, a condenação ao racismo estrutural e à discriminação que ainda enfrentam os músicos negros, apesar de serem maioria e estarem envolvidos na criação de vários estilos musicais.
“Além das músicas engajadas de protesto da MPB, que todo mundo conhece, é preciso pontuar também cantores instrumentistas que nas Américas e no Brasil são negros ou indígenas. Só que esses não recebem a valorização; recebem pagamento ou salário menor”, lamentou.